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BLOG DO MÁRIO

Neste blog eu posto de tudo um pouco, prezando sempre por assuntos que despertam interesse do leitor, evitando assuntos polêmicos como política, religião e futebol. Boa leitura! Eu sei que você vai curtir.

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15
Out08

Nivanor Bernardi - o Touro Paranaense

Mário Sérgio Figueredo

Uma singela homenagem ao inesquecível "Touro Paranaense", como era chamado pelos seus fãs e amigos,. Tive o prazer de conhecê-lo bem de pertinho, aquele que considero ter sido um dos maiores incentivadores do motocross no Brasil.

O nome dele: NIVANOR BERNARDI, um catarinense radicado no Paraná desde muito jovem. Na época ele era o nosso Ayrton Senna das motos, isso entre os anos 70 e 80.

Nivanor_01.jpgNivanor Bernardi, o Touro do Paraná
(Foto: César Caldas)

Quando Nivanor despertou para o motocross, lá pelos idos do início da década de 70, foi pioneiro, pelo menos no Estado do Paraná e, de forma autodidata começou a treinar apoiado apenas por revistas ou filmes (em Super 8, que era tipo filme de cinema adaptado para uso em filmadoras portáteis, e se assistia com um projetor que mostrava as imagens em um fundo branco) que conseguia trazidos por amigos que viajavam para o exterior.

Claro que tentando aprender sozinho, Nivanor cometeu alguns erros (errando é a melhor forma de aprender). Chegou até a construir uma pista particular dentro da propriedade que a família tinha, um posto de gasolina às margens da BR-116, no município de Quatro Barras, saída de Curitiba para São Paulo.

Reuníamo-nos com frequência lá para ver aquele “doido” praticar saltos inacreditáveis com as antigas Yamaha 125 e 250 idênticas às que víamos circulando pelas ruas da cidade; não haviam motos específicas para competição off-road naquela época.

Certa vez ele confidenciou-nos que o seu principal erro foi a falta de referência no preparo físico. Ele acreditava que para ser um campeão tinha que malhar muito e por isso investia no fortalecimento do tórax e braços, descarregando os caminhões da família ou cortando lenha com machado – somente quando começou a competir em campeonatos internacionais é que descobriu que o motocross exigia maior força nas pernas, para suportar os saltos e o piso irregular – mas aí já era tarde porque estava quase em final de carreira e a desvantagem era muito grande por conta disso.

Nivanor tinha  uma força descomunal, principalmente nos braços (daí o seu apelido: Touro do Paraná). Apos uma corrida na cidade de Ponta Grossa (PR), ganha por ele, tinham 3 caras já meio altos pela cerveja, “azucrinando” o Nivanor – não existia a estrutura de proteção que cercam os pilotos de motocross de hoje – naquele tempo o piloto ia sozinho, no peito e na raça, mais um mérito dele. Algumas vezes contava apenas com a ajuda dos fãs, que não eram poucos.

Os caras queriam confusão e o Nivanor falou para eles: “Peraí que só vou colocar a moto na picape e já brigo com vocês”. O Nivanor, sozinho, ergueu a Yamaha 250 do chão e a colocou sobre a caçamba da camionete, acho que uma Ford-Willis F-75, que é alta pra caramba. Não sei o por quê, mas os caras desistiram da briga (rsrs).

Nós como os caras ficamos impressionados com a força daquele sujeito que mais parecia um guarda-roupas de tanta largura nos ombros – Nivanor era um cara grande, muito grande, em todos os sentidos. Tente pegar uma CG 125 que pesa quase a metade do peso de uma Yamaha 250cc e colocar sozinho em cima de uma camionete, mesmo destas pequenas tipo Saveiro, mais baixas que a F-75.

Em tempo: depois o pessoal deu uma lição nos engraçadinhos, nada sério, só uns carinhos.

* * * * * *

NIVANOR BERNARDI

Nasceu em 30 de Setembro de 1949 em Apiúna, Santa Catarina.

Iniciou a sua carreira no motociclismo em 1971, levando aos quatro cantos do mundo o seu estilo próprio de pilotar, com muita técnica e garra, sempre buscando a vitória a qualquer custo. Competiu em várias categorias de velocidade, porém o Motocross foi a sua especialidade.

Mas o ponto quente das competições era quando o víamos dentro da mesma prova disputando curvas e saltos com Moronguinho e Paraguaio, outros grandes monstros do motocross brasileiro.

Nivanor_02.jpgNIVANOR BERNARDI - Foto: César Caldas

Outra passagem interessante aconteceu em Sorocaba, interior de São Paulo: placa de 5 min para a largada erguida, pilotos se alinhando no gate, duas belas garotas vestidas com uniforme da equipe a segurar guardas-sois sobre aquele piloto que já admirávamos. Uma das garotas observa o pneu dianteiro da moto e avisa ao Nivanor que o pneu estava baixo. Ele vê que realmente está e ameaça retornar aos boxes para corrigir o problema, mas como a pista era bem longa e os boxes distantes, e a largada estava próxima, Nivanor disse em voz alta: “que se dane o pneu, vai assim mesmo, é fé em D’us e mão no acelerador, e vamos pra corrida”. A corrida foi dominada de ponta a ponta e ganha por ele (essa passagem foi uma contribuição de Buddy Holly, assíduo frequentador das corridas de motocross).

Entre a longa lista de títulos conquistados durante a carreira, destacam-se:

No Motocross

  • 7 Campeonatos Brasileiros (125 e 250 cc);
  • Tetracampeão Paulista (125 e 250 cc)
  • Bicampeão da Copa Hollywood, em 1985 e 1986;
  • Copa Internacional da Argentina: 9 provas em 1975 (250 cc);
  • 2 vezes vice-campeão Latino Americano (1975-1977);
  • Campeão Latino Americano em 1978;
  • Campeão das Américas;
  • 2º lugar no Grande Prêmio Mundial, na Argentina (125 cc);
  • 11º lugar no Grande Prêmio Mundial do Japão em 1977;
  •  Conquistou mais de 20 Grandes Prêmios Internacionais.

Nas categorias de Velocidade

  • 2º lugar nas 500 Milhas de Interlagos, em 1974 (especial 350cc);
  • 1º lugar nas 24 horas de Interlagos, (500cc) em 1975. Nesta prova, NIVANOR  bateu  o Recorde Mundial de Velocidade em provas de 24 horas.
  • Em 1992, quando já havia parado com as competições, conquistou o Vice-Campeonato de Velocidade na Terra.
  • Entre centenas de troféus conquistados, NIVANOR tinha orgulho do Capacete de Samurai que ganhou ao ser recebido pelo Príncipe Ayquito, atual Imperador do Japão.

Após parar de correr, em meados de 1988, Nivanor foi convidado a ser chefe de equipe da Escuderia Oficial Yamaha, época em que teve como pupilo EDUARDO SAÇAKI, o Japonês Voador.

NivanorSacaki.jpgNivanor, chefe da equipe de Eduardo Saçaki
  (foto do arquivo pessoal do Japonês Voador)

 

NIVANOR faleceu em 25 de Abril de 1995, vítima de insuficiência hepática.

* * * * * *

Fonte: Pesquisa, texto e imagens da época por Mário Sérgio Figueredo – dados obtidos com a família, amigos, fãs e o próprio piloto ainda em vida

* * * * * *

(Texto editado nesta matéria em 2013)

NIVANOR BERNARDI HOMENAGEADO EM CURITIBA
Homenagem aconteceu no Brasil Motorcycle Show, salão premium de motociclismo, que aconteceu em 2013.

Falamos do saudoso piloto Nivanor Bernardi, conhecido como “Touro do Paraná”.  A paixão de Bernardi por moto começou desde cedo, aos 11 anos, e ainda menino já era um exímio admirador do veículo de duas rodas. Na década de 70, quando o motocross ainda era desconhecido no país, o piloto já mostrava a que veio, e cada vez mais se superava nas competições. Entre todos os anos que competiu, o Touro do Paraná ganhou inúmeros títulos paulistas e nacionais, teve grandes participações e importantes colocações em competições internacionais. Isso mesmo, no exterior Bernardi tinha outro apelido, ficou conhecido como “El Tigre” após ganhar de forma incrível a prova “Motocross de las Américas”, no Uruguai.

Nivanor_03.jpgNivanor foi um dos pais do motocross no Brasil

Com 37 anos Bernardi parou de competir, pois o Motocross estava se alterando, se transformando em Supercross. Seu peso não contribuía para provas de salto e a idade também não o ajudava mais. Mesmo assim seria impossível sair do mundo do motociclismo. Muito ativo, o ex-piloto começou a chefiar equipes e logo após montou uma concessionária Yamaha em Curitiba.

De herança deixou uma carreira de 16 anos, com nove campeonatos brasileiros, quatro paulistas, um latino-americano, três Campeonatos das Américas, uma 24 horas de Interlagos, e o bicampeonato do Hollywood Motocross. Entre centenas de troféus conquistados, destaque para o Capacete de Samurai que o piloto ganhou ao ser recebido pelo Príncipe Ayquito, Imperador do Japão. Prova de que Bernardi merece ser lembrado e homenageado sempre.

 

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